Umberto Eco: cada vez mais atual

30 de janeiro de 2020 0 Por João Irineu

Conhecido por bestsellers como “O Nome da Rosa”, “O Pêndulo de Foucault” e “O Cemitério de Praga”, o italiano Umberto Eco (1932-2016) é daqueles que desenvolveram uma carreira acadêmica paralelamente ao sucesso literário. Desde o início do milênio Eco advertia que o advento da Internet teria como efeito colateral a predominância de uma cultura superficial e medíocre. Em uma entrevista para a Revista Veja, ainda no ano de 2000, o escritor afirmou que o desafio agora não é mais ter acesso à informação, mas saber separar o joio do trigo. Está é a proposta de seu “Como se faz uma tese”, recentemente reeditado na língua inglesa e objeto de uma interessante resenha pela revista “The New Yorker” (“A Guide to Thesis Writing that is a Guide to Life, disponível em www.newyorker.com). A resenha aponta que, para Eco, a busca pelo conhecimento pode ser um processo de auto-realizacão pessoal, no qual o processo de pesquisa e de escrita nos habilita a compreender melhor o mundo fora de nós mesmos e forjar nossa identidade. De minha parte, quase vinte e cinco anos depois de ler o livro pela primeira vez ainda lembro de cor alguns de seus conselhos, e os utilizo em minhas aulas e orientações.

Quando vejo os desafios trazidos pela inovação percebo com tristeza que a padronização predominante na sociedade tornou a inteligência artificial uma ameaça para nós, indivíduos, que deveríamos ser únicos, mas que, cada vez mais, estamos reduzidos a personas, perfis e protocolos. Mas a busca pelo conhecimento pode ser o antídoto da doença de nosso século. Por isso, um livro escrito no tempo da máquina de escrever, tal qual “Como se faz uma tese”, ainda permanece atual.